Trabalhar com foco, cumprir metas e manter a rotina organizada já é um desafio para qualquer pessoa. Agora, quando você adiciona filhos à equação, a complexidade dobra — ou até triplica. Afinal, crianças demandam tempo, atenção, energia e, muitas vezes, não seguem nenhum roteiro previsível. A boa notícia é que sim, é possível ser produtivo mesmo com filhos em casa. Mas para isso, é preciso redefinir o que produtividade significa para você.
Por muito tempo, associamos produtividade à quantidade: quanto mais tarefas finalizadas, mais produtivo alguém é. Mas quem tem filhos aprende, rapidinho, que esse modelo linear raramente se aplica. Com crianças, o dia a dia é feito de interrupções, necessidades inesperadas e mudanças de planos. Por isso, o segredo não está em tentar encaixar a rotina dos filhos na sua produtividade, mas o contrário: adaptar sua produtividade à rotina da família.
Uma das formas mais eficazes de fazer isso é trabalhar com blocos de tempo, em vez de agendas rígidas. Isso significa separar o dia em períodos possíveis, e não em horários exatos. Por exemplo: “manhã (até 10h): tarefas rápidas”; “tarde (14h às 16h): foco total”. Assim, você reduz a frustração de não conseguir cumprir um cronograma super detalhado e aprende a trabalhar com o tempo que tem — não com o que gostaria de ter.
Outro ponto importante é a escolha de prioridades reais. Não adianta querer fazer tudo como se estivesse sozinho. Com filhos, sua capacidade de execução precisa ser mais estratégica. Liste o que é essencial naquele dia. Se conseguir fazer isso bem feito, já é um grande avanço. Muitas vezes, nos sabotamos esperando resultados que só seriam possíveis com mais tempo ou menos demandas ao redor. E isso só gera culpa — o que não ajuda em nada.
Delegar também é uma habilidade que precisa ser praticada. Se você divide a casa com outra pessoa, converse sobre a rotina, reveja quem cuida de quê, redistribua tarefas. Se for possível contar com apoio externo — avós, babá, creche ou escola — aproveite sem culpa. Cuidar dos filhos é uma responsabilidade, mas não precisa ser um sacrifício solitário. E estar bem também faz parte de ser um bom pai ou mãe.
Outro ponto que não pode ser esquecido: aceite que sua produtividade tem outro ritmo. E isso não é um defeito, é uma fase. Os filhos crescem, as demandas mudam, e você vai poder reorganizar sua rotina várias vezes ao longo da vida. Tentar manter o mesmo padrão de quando não tinha filhos é injusto com você e com a realidade que vive hoje. A produtividade precisa ser aliada — não inimiga — da sua saúde emocional.
Além disso, inclua os filhos em pequenas rotinas, sempre que possível. Crianças gostam de participar. Se estiverem na idade certa, explique que aquele é um “momento de silêncio”, crie códigos visuais (como um desenho colado na mesa indicando que você está trabalhando), incentive o hábito de respeitar o espaço do outro. Claro que nem sempre isso funciona de imediato, mas com paciência e repetição, é possível estabelecer pequenas regras que favorecem a convivência e o foco.
Ser produtivo com filhos é possível, sim — só que não vai ser como nos livros ou nos vídeos com mesas arrumadas e silêncio absoluto. Vai ser do seu jeito, com pausas para abraços, barulhos inesperados, alterações de planos… mas também com muita força, criatividade e um senso de organização que só quem vive esse dia a dia conhece.
E no fim, isso também é produtividade: fazer o melhor possível, com os recursos e o tempo que se tem. E isso, por si só, já é admirável.